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27/04/2015
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 2 minutos

Amazônia explorada

Riquezas aqui produzidas não beneficiam seu povo, como a energia elétrica, diz ativista


“O Brasil não conhece a Amazônia. Essa é a grande verdade”. A constatação é do ativista Guilherme Carvalho, coordenador da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) Programa Amazônia no Pará, organização não governamental com mais de 50 anos de atuação na área da sustentabilidade. Atraente aos olhos internacionais em relação às discussões climáticas, ele acredita que localmente o potencial estratégico da região remete a um “baú” de riquezas naturais a ser explorado, ao abastecimento de matérias-primas a grandes grupos econômicos e a um modelo de desenvolvimento inadequado.

Outro problema mencionado pelo coordenador da Fase é que, historicamente, os benefícios gerados pela Amazônia não são oferecidos aos Estados que a compõem, mas sim a outras regiões do Brasil e até do exterior. Ele cita como exemplo disso a energia elétrica, da qual o Pará é um dos maiores produtores do País e paga uma das maiores tarifas. “Poderíamos ter aqui atividade de ponta com uso de tecnologia muito avançada, porque podemos ter centros relacionados à questão da biotecnologia, fármacos, à utilização de ponta em relação à farmacêutica e várias outras”, afirmou.

Neste contexto, Carvalho enfatiza que a Amazônia ainda é vista por parte da sociedade e de autoridades públicas como uma região “desabitada, atrasada, com pouca capacidade de empreendedorismo, algo à parte do nacional, exótica”, características que impedem a adequação de políticas sociais a sua realidade. Para ele, o despertar dessa situação começa a ser sentido com a seca no Sudeste, a partir do momento que se vislumbra a importância da área para a formação de chuvas no País. “Uma exploração intensiva, uma continuidade dessa ação predatória na Amazônia, vai criar problemas para a atividade econômica de vários outros estados ou mesmo abastecimento de água para a população”, disse.

O quadro descrito pelo ativista não o desanima na luta pela garantia de direitos territoriais das populações tradicionais, no fortalecimento da legislação ambiental e na melhoria de instrumentos de controle e gestão ambiental.