O Fundo Dema de Apoio às Comunidades Quilombolas do Pará surgiu em 2008, em uma dinâmica interativa entre a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos (Malungu), Fase Amazônia/Fundo Dema e Fundação Ford, para a constituição de uma linha de ação e financiamentos voltada exclusivamente às comunidades quilombolas do Pará. Sua criação respondeu a uma demanda específica, frente à compreensão de que essas comunidades demonstram uma dinâmica emancipatória única, além de se constituírem como um segmento importante das populações tradicionais da Amazônia paraense.
O Fundo Dema Quilombolas é um dos fundos específicos que atuam por dentro do Fundo Dema. Sua criação se deu pela necessidade de garantir equidade social a estes povos, considerando as suas diversidades (identidade étnico-racial, de gênero, religiosa, geracional/etária, sócio-cultural, político-econômica, nas relações com o meio ambiente, dentre outros) e possibilitando-lhes as mesmas condições de inserção no processo de gestão do Fundo Dema e de acesso aos seus recursos.
Objetivo geral
Promover a conquista dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DhESCAs) das comunidades quilombolas e contribuir para a consolidação da articulação estadual da Malungu na conquista e garantia destes direitos.
Contexto de criação
Em junho de 2008, o Fundo Dema/Fase Programa Amazônia elaborou e teve aprovado pela Fundação Ford o projeto que viabilizou o fomento para a constituição do ‘Fundo Dema de Apoio às comunidades Quilombolas do Pará’. Com estes recursos, em 3 de novembro de 2008, o Fundo Dema e a Malungu constituíram o ‘Comitê Específico Quilombola’. A partir dos mecanismos participativos já existentes na Malungu, foram formulados os objetivos do Fundo, assim como as linhas prioritárias na aplicação do capital inicial doado pela Fundação Ford.
Em um período inicial de dois anos, este Comitê fortaleceu a visibilidade das associações quilombolas no Pará por meio de uma campanha de legalização que beneficiou 30 associações quilombolas, intensificou a formação das comunidades quilombolas com encontros e seminários, além de fornecer proteção especial às lideranças quilombolas ameaçadas na busca de seus direitos.
Ainda neste período, numa ação diferenciada, o Fundo Dema Quilombola realizou um projeto socioambiental concentrado no transporte comunitário, no manejo sustentável de açaí e em uma unidade demonstrativa de avicultura.
Em uma avaliação feita em novembro de 2010 constatou-se a utilidade e viabilidade do Fundo Dema Quilombola, o que indicou a necessidade de ampliar a participação e representatividade da articulação quilombola Malungu, tanto no Comitê Geral do Fundo Dema, quanto no Comitê Específico. Com isso, o Fundo Dema, na sua composição geral, incorporou dois representantes da coordenação da Malungu, criando dentro do Comitê Específico o ‘Comitê de Execução Fundo Quilombola’ e o ‘Comitê Ampliado de Deliberação do Fundo Quilombola’, que é composto por 14 pessoas.
Veja aqui a formação dos Comitês
Histórico de luta
A história revela que os povos indígenas da Amazônia brasileira e as comunidades negras que se estabeleceram como quilombos nesta região, cerca de 400 no Pará, carregam o peso histórico da opressão e marginalização causado pelo modelo de colonização da região que até hoje perdura. Este legado histórico faz com que regras aparentemente iguais para todos e todas, mas que de fato são desiguais, coloquem estes povos em desvantagem no acesso aos recursos necessários para as conquistas e defesa dos seus direitos.
Porém, a secular experiência de convivência com a floresta e o modo orgânico no qual essa relação preserva a vida humana destaca a importância destes povos enquanto protagonistas na preservação da biodiversidade da floresta Amazônica.
O princípio da equidade que norteia as ações e posição do Fundo Dema reconhece as diferenças e as diversidades destes povos e a forma como eles se organizam e se expressam. Nesse sentido, o Fundo Dema busca criar condições necessárias para que estes grupos sociais possam conquistar e manter seus direitos garantidos.