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31/03/2016
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 3 minutos

CFR de Altamira capacita juventude para a produção e manejo sustentável

Por Élida Galvão

Fundo Dema


Surgidas no Brasil durante a década de 1990, as Casas Familiares Rurais (CFRs) se firmaram no país por meio de nova metodologia de ensino, uma educação pautada na ‘pedagogia da alternância’. Relacionando formação pedagógica à realidade da vida no campo, não demorou muito para as CFRs se expandirem por toda a extensão rural, provocando mudanças significativas nas unidades de produção familiar. No Pará, o município de Medicilânia, localizado na região da Transamazônica, abrigou a primeira CFR do estado, em 1995. Em seguida, outras CFRs foram sendo criadas em diversos municípios, entre eles Altamira.

Desde 2007, a Casa Familiar Rural José Delfim Neto, de Altamira, vem atuando na formação de jovens agricultores por meio de uma educação básica que envolve assistência técnica e extensão rural. O objetivo é fazer com que a juventude do campo possa expandir os conhecimentos adquiridos aos demais membros de sua unidade de produção familiar e, assim, possibilitar a permanência qualificada das famílias no campo com o sustento de sua produção, além de poder promover a agroecologia e o fortalecimento da agricultura familiar.

Juventude da Casa Familiar Rural de Altamira pratica os conhecimentos adquiridos. Foto: Arquivo CFR Altamira


Diante de uma estrutura social historicamente desenvolvida a partir de um modelo capitalista, cuja propriedade da terra se concentra em poder de poucos, a educação no campo se faz importante porque consegue articular valores humanistas, como a partilha, a solidariedade, a justiça e a democracia, com ações coletivas de forma a valorizar os saberes e as relações culturais dos grupos envolvidos e o respeito ao meio ambiente.

Projeto

Por meio do projeto ‘Formação e Capacitação para a Produção e Manejo Sustentável”, iniciado em 2014, desenvolvido com o apoio do Fundo Dema em parceria com Fundo Amazônia, a CRF de Altamira vem contribuindo para a formação de jovens do campo à prática de atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável do solo e da valorização da floresta em pé, que, consequentemente, ajudam na recuperação de áreas degradadas.  

Educadora explica sobre o manejo sustentável na produção agrícola. Foto: Arquivo CFR Altamira


Com duração de dois anos, o projeto beneficiou 30 famílias e cerca de 250 pessoas. Chega-se ao fim das atividades com 12 jovens, entre homens e mulheres, capacitados sobre o uso, manejo e beneficiamento de espécies nativas da Amazônia, de forma a investir na possibilidade real de agregação de valor sobre a comercialização dos produtos cultivados nas pequenas propriedades rurais. O aprendizado sobre práticas ecológicas, por exemplo, será fundamental para ajuda-los/as a aproveitar áreas de solo com pouca fertilidade a partir da introdução de sistema agroflorestal.

Resultado

Membro de uma família de cinco pessoas, o jovem Jocélio Barbosa de Sá, de 21 anos, é um dos alunos da Casa Familiar Rural de Altamira. Prestes a concluir o curso com mais 12 colegas de turma, Jocélio passou os últimos dois anos de sua vida praticando em sua unidade familiar o que aprendera durante os módulos estudados. Exemplo disso foi a vantagem obtida na plantação de cacau e, recentemente, com a criação de peixes, duas das atividades desenvolvidas pela família de Jocélio que ainda tem pequena criação de gado, porcos e aves.

“O conhecimento que tive na casa familiar apliquei, por exemplo, no cultivo de cacau e melhorou 100% a nossa produção. Antes, também, a gente não mexia com a criação de peixe. Levei esse conhecimento pra dentro da família e hoje é uma das atividades que mais dá renda pra gente”, avalia Jocélio.

Indagado se em algum momento pensou em sair do campo para trabalhar na cidade, Jocélio é catedrático ao falar sobre seus planos. “Não passa pela minha cabeça sair do campo para trabalhar na cidade. Quero trabalhar somente no campo, pois é uma área que admiro.  Todo o conhecimento eu vou levando para utilizar dentro da minha família”, conclui o rapaz que ainda tem outro irmão estudando na CFR de Altamira.

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