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27/02/2023
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Geral
Leitura: 3 minutos

Comitê Gestor realiza primeira reunião de 2023

Por Élida Galvão

Comitê Gestor do Fundo Dema traça planos e estratégias para a atuação nos próximos três anos. Foto: Luciano Padrão

Após longo período dialogando somente em reunião virtual, por conta da pandemia, o Comitê Gestor do Fundo Dema inicia o ano de 2023 com um grande reencontro. No período de 10 a 12 de fevereiro, os/as representantes das organizações que integram o Comitê Gestor do Fundo Dema estiveram em Santarém (PA) para trabalhar no Planejamento Estratégico, que vai traçar as metas e ações para os próximos três anos.

A atividade foi iniciada com uma mística em que os participantes tiveram a oportunidade de ouvir o relato da família indígena de D. Lúcia Xipaia e Seu Chico Kuruaya, que juntamente com a filha, Joielan Xipaia, o filho, Ney Kwazady Xipaia, a nora, Sadrina Xipaia, e o neto Kumã Xipaia, contaram sobre as lutas e resistências de seu povo em defesa da cultura e do território. Território este que atravessa a história do Fundo Dema, pois foi lá, na região da Terra do Meio, precisamente da Terra Indígena Xipaya, no Médio Xingu, que foram apreendidas as seis mil toras de mogno derrubadas por grileiros e que permeiam a motivação dos movimentos sociais para a criação do Fundo Dema.

“Nós sempre trouxemos à nossa frente aquela questão de coragem. Nunca passamos aos nossos filhos o sentimento de desistência e de baixar a cabeça, dizer que algo não vai dar certo. Cada luta, cada batalha que enfrentamos com nossos filhos, hoje estão retornando pra gente com alegria. O nosso objetivo sempre foi apoiar os nossos filhos para fortalecer o nosso território, o nosso lugar, que hoje é são a aldeia Tukamã e a aldeia Karimã”, disse D. Lúcia ao comentar sobre a trajetória de seus cinco filhos, entre eles, Jumara, Lucinei e a liderança Juma Xipaia.

Indígenas Xipaya falam sobre ancestralidade, coragem e luta em defesa do território. Foto: Élida Galvão

Recordando a ancestralidade dos Xipaya, Ney Kwazady, destaca a razão da luta em defesa do território e pelo fortalecimento da identidade étnica. “Para nós, todo o corredor do Rio Iriri e Curuá é Xipaya. Quando passamos a reivindicar a nossa Terra indígena começou a saga de briga pelo território, briga pela autonomia e resistência da cultura. Muitos indígenas residentes na cidade não se reconheciam mais como indígenas, porque já estavam inseridos na sociedade não indígena, mas a gente brigou e conseguimos hoje ter um território, ter uma casa, que é a TI Xipaya”.

Planejamento estratégico

No ano em que o Fundo Dema completa 20 anos, o Comitê Gestor dialoga sobre as perspectivas de atuação para mais um triênio. O planejamento iniciou com reflexões sobre as conquistas, dificuldades e desafios enfrentados ao longo do processo de apoio aos projetos comunitários. A partir disso e equipe, conduzida pelo Consultor Luciano Padrão, traçou metas, definindo eixos estratégicos do planejamento.

O consultor Luciano Padrão esteve conduzindo a programação durante os três dias de reunião do Comitê Gestor. Foto: Élida Galvão

“Planejar é uma atitude que seve ser cada vez mais ativa nos movimentos sociais e também no Fundo Dema. Esse encontro foi importante para o Planejamento Estratégico do Fundo porque estamos vivendo uma nova conjuntura política e social. Isso não quer dizer que não precisamos nos planejar, precisamos sim continuar a caminhada em defesa da Amazônia. O Diálogo foi muito rico, porém a nossa missão é árdua para o próximo período”, considerou Antônia Pereira Martins, representante da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP).

Também estiveram presentes no encontro Ana Paula Souza, também da FVPP; Edizângela Barros, da Diocese do Xingu; Marcelo Stabnow, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Trairão; Ana Flávia Souza, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Prelazia de Itaituba; Edilson Siqueira, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba; Ivete Bastos, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém; Anderson Tapuia, Margareth Santos e Elizângela Castro, do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), Marta Campos, da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR); Selma Ferreira, da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Município de Belterra (AMABELA); Maria de Loudes, do Nascimento, do Movimento de Mulheres Campo e Cidade (MMCC); Graça Costa, Sara Pereira e João Gomes, da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE).

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