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23/07/2014
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 3 minutos

Educadora do Fundo Dema fala sobre a experiência da agroecologia na Amazônia

Por Élida Galvão

Ascom Fundo Dema


Em entrevista ao Programa Conexão Futura, Vânia Carvalho, educadora do Fundo Dema, fala sobre a produção de alimentos e os desafios enfrentados pela agricultura familiar.

Responsável por 70% dos alimentos do país, a agricultura familiar foi tema de debate do Programa Conexão Futura, exibido no último dia 24 de junho, no Canal Futura. A origem dos alimentos consumidos no Brasil e as práticas sustentáveis para incentivar uma agricultura livre do uso de agrotóxicos foi o foco de discussão da programação.

Para debater sobre o assunto foram convidados José Antônio Espindola, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Denis Monteiro, secretário-executivo da Articulação Nacional de Agroecologia; Alan Freihof Tygel, integrante da Coordenação Nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida; e, Vânia Carvalho, educadora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) / Fundo Dema, que contribuiu por telefone.

De acordo com Vânia, as principais barreiras enfrentadas pela agricultura na região Norte estão ligadas principalmente à ausência de políticas públicas que agilizem o licenciamento de terras e ofereça assistência técnica adequada, ao avanço do monocultivo, grilagem de terras, além das ameaças do agronegócio e uso de agrotóxicos, entre outros fatores.

Para a socióloga, apesar dos sérios problemas enfrentados, os povos da floresta (agricultores, agroextrativistas, pescadores, quilombolas e indígenas) lutam firmemente pela agroecologia na Amazônia. “A agroecologia é uma coisa nova aqui na Amazônia. A palavra é nova, mas na prática a gente vê que a agroecologia é sim feita na Amazônia, principalmente pelo campesinato; a agricultura familiar que tende para a diversificação dos sistemas produtivos. A gente percebe a valorização pelo não uso de agrotóxicos. Eles já sabem lidar com a natureza”, afirma.

Ainda, segundo Vânia, espera-se que o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) – lançado em 2013 pelo Governo Federal, com o objetivo de articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e de base agroecológica no país e a conservação dos recursos naturais – possa garantir e expansão da produção orgânica sem findar os recursos naturais, promovendo uma alimentação saudável. 

“O que a gente espera desses programas é que eles levem em conta esse saber da população aqui da região, que inclua mais. Esses programas precisam se expandir e atender essa população [campesina] que é fundamental para a população em geral do Brasil. Nós estamos em uma guerra contra o agronegócio, que está ameaçando nossa vida, nossos povos e a gente espera que os programas venham valorizar esses produtos, dessas populações que são responsáveis pelo nosso alimento”, declara Vânia.

José Espíndola falou sobre os avanços legislativos em reconhecimento à produção orgânica e os desafios de expandir alternativas para agricultura sem a utilização de agrotóxicos. “A gente precisa de maiores esforços em termos de pesquisa, para gerar novos conhecimentos adaptados para diferentes regiões, também de esforços na extensão rural para levar esses conhecimentos junto aos agricultores e intencionistas e por último formar novos profissionais com essa visão”.

Argumentando sobre a importância da agroecologia, Denis Monteiro destaca o grande potencial do país no que se refere ao aumento da produção de alimentos oriundo da agricultura familiar. “Num universo de mais de 5,1 milhões de propriedades rurais no Brasil, 4,3 milhões são da agricultura familiar. Então é absoluta maioria. Desses 4,3 milhões, pouco mais de um milhão utiliza agrotóxicos. Nó temos um universo enorme de unidade de produção familiar que não utilizam agrotóxicos, já fazem a agricultura com baixos níveis de insumos externos”, aponta ele.

Ativista de campanha contra os agrotóxicos, Alan Tygel fala sobre as experiências de produção agroecológicas como alternativa para a produção de alimentos e segurança alimentar. “Para nós não é uma questão de dúvida se é possível ou não alimentar a população brasileira e mundial com alimentos agroecológicos. Nossa luta hoje é exatamente contra o agronegócio, que um outro modelo de produção baseado nos venenos e transgênicos”, afirma. 

Confira o debate completo: