Famílias da Comunidade Maranhão fortalecem a agroecologia no PAE Lago Grande
Por Élida Galvão
| Rosenilce, coordenadora do projeto, comemora a continuidade das ações que também beneficiam outras comunidades
A comunidade Maranhão localiza-se no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, em Santarém, na região do Baio Amazonas (PA). Este é um território marcado por diversas ameaças fundiárias, mas atualmente o principal enfrentamento tem sido contra as atividades de mineração, realizadas pela empresa ALCOA, que tenta se instalar no território rico em bauxita.
Mesmo diante de diversos desafios, moradores/as da comunidade Maranhão arregaçaram as mangas e passaram a protagonizar um projeto voltado à criação de galinhas e construção de viveiro de mudas. O projeto Afirmando a Sustentabilidade com Inovações Agroecológicas, desenvolvido pela Associação de Moradores e Trabalhadores Rurais Agroextrativistas da Comunidade Maranhão (ASMOCMA), beneficia diretamente cerca de 250 pessoas, moradoras da localidade.
A partir da ação de dez famílias, a proposta dá continuidade ao projeto Produzindo mudas florestais com incremento de hortaliças e criação racional de galinhas caipira na perspectiva da sustentabilidade, anteriormente apoiado pelo Fundo Dema e que deu início à afirmação de práticas agroecológicas na comunidade.
Desta vez, o novo projeto prevê a ampliação das práticas de manejo agroecológico para recompor áreas degradadas a partir da diversificação produtiva com o uso sustentável do solo e a promoção da segurança alimentar das 57 famílias da comunidade e de comunidades vizinhas. O projeto consolida a produção agroecológica de hortaliças em estufas com a produção de adubos orgânicos, afastando qualquer possibilidade de utilização de agrotóxicos, além de se constituir, por meio da agroecologia, em uma importante estratégia de defesa do território.
Com o primeiro projeto, inicialmente pretendíamos reflorestar um hectare, mas com a distribuição de mudas às comunidades vizinhas, chegamos a uma meta de dois hectares reflorestados. Com a continuidade do apoio do Fundo Dema e com a parceria do STTR de Santarém e a FEAGLE conseguimos ampliar o viveiro de mudas, construir o galpão e o miniabatedouro com estrutura qualificada exigida pela vigilância sanitária. Agora já estamos construindo o poço comunitário no meio da comunidade para beneficiar o maior número de famílias., afirma Rosenilce Vitor, coordenadora do projeto.
A experiência agroecológica desenvolvida no primeiro projeto contou com a parceria dos/as alunos/as da Casa Familiar Rural (CRF) do PAE Lago Grande, deixaram um grande aprendizado sobre como lidar com as produções aviárias, de plantio e recuperação de áreas, a partir das orientações adequadas.
De acordo com a coordenadora, as famílias trabalham em mutirão, de forma muito solidária, mesmo que o esforço coletivo ainda não tenha trazido rentabilidade considerável às famílias. Todo/as foram a prendendo aos poucos. Por exemplo, com os pintos inicialmente comprados, separamos alguns para corte e outros para pôr ovos. Com a venda da primeira etapa, compramos outros pintos das próprias comunidades para a reposição de estoques e assim vamos trabalhando, dando ração orgânica. O que tiramos de lucro, dividimos entre as famílias, complementa.