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19/11/2019
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 2 minutos

Seminário debate a autonomia de fundos específicos mulheres e quilombolas

Por Silvia Giese

| Quilombolas dialogam sobre o processo de autonomia de fundo específico para fortalecer o apoio a este segmento

Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer, participando sem medo de ser mulher” cantavam as mulheres durante o seminário ‘Quilombolas e Mulheres: Fundos Comunitários como Ferramentas de Luta para a Resistência e a Construção de Autonomia’, que aconteceu nos dias 12 e 13 de novembro. O objetivo foi dialogar sobre a autonomia dos dois segmentos que atualmente estão constituídos dentro do Fundo Dema. Na ocasião, representantes da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará – MALUNGU e do Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo (FLDES), um fundo específico de mulheres, trocaram experiências e avaliaram as estratégias e os desafios para o processo de autonomia.

De acordo com Graça Costa, educadora do Fundo Dema, este processo de construção de autonomia vem ocorrendo há algum tempo e destaca que nos dois últimos anos houve um avanço mais significativo neste caminho. No caso da organização específica de mulheres, suas iniciativas têm fortalecido a autonomia econômica, tornando o trabalho delas mais visível para a própria família a partir da participação em feiras, na proteção das sementes crioulas, por exemplo. Em relação à organização quilombola, já há uma legitimidade dentro do Fundo Dema, o que pode trazer boas perspectivas para formação do fundo específico.

| Junto aos quilombolas, as mulheres discutiram os desafios e perspectivas para a autonomia do FLDES

“Durante o seminário, os dois segmentos apontaram que a autonomia não pode ser representada com afastamento do Fundo Dema, mas este deve continuar a ser um instrumento de fortalecimento a mulheres e quilombolas a partir do conjunto de questões em que atua, como justiça ambiental e direito dos povos. Percebemos que devemos juntar mais ainda os dois segmentos para se enxergarem melhor e discutir esse processo juntos”, pontuou Graça.

A coordenadora de igualdade de gênero da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará – MALUNGU, disse que os planos da organização em ter um fundo autônomo vinha sendo discutido desde 2004, quando começou a participar do Fundo Dema.  “É um sonho da MALUNGU e das coordenações quilombolas ter esse fundo. Para nós, é muito importante ter um fundo especifico gerido por quilombolas”, explicou. De acordo com Valéria, que também integra o comitê gestor do Fundo Dema, atualmente estão na fase de articulação com as organizações parceiras para construção de um comitê gestor do fundo autônomo

Representante do Fundo Luzia Dorothy do Espirito Santo no comitê gestor do Fundo Dema, Marta Campos é agricultora e moradora do Assentamento Agroextrativista PAE Lago Grande, localizado em Santarém. Tendo participado da formação do fundo específico desde o início, em 2014, conta que a autonomia do FLDES representa independência do grupo de mulheres. “Para nós a autonomia do fundo significa a gente andar com as próprias pernas, um momento para fortalecermos nossa voz de decisão e assim fazer o que gostamos do jeito que amamos fazer”. Além disso, Marta acentua que a ampliação da autonomia do FLDES vem sendo discutida passo-a-passo, através de vários encontros com mulheres e associações que fazem parte do fundo especifico.